"E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma [gr. psyche]; temei antes aquele que pode fazer perecer [apolesai] no inferno [geenna] a alma e o corpo." (Mt 10.28)
Após escolher Seus doze apóstolos (Mt 10.1-4), Jesus encarregou-lhes de sair e pregar a mensagem do reino dos céus (vs. 5-13). Antes, porém, nosso Senhor os advertiu das fortes perseguições que eles haveriam de sofrer (vs. 14-31). Entretanto, mesmo diante desse mundo hostil, os discípulos deveriam manter-se fiéis, até o fim, ao Senhor que lhes enviou (vs. 32-42).
Foi dentro desse contexto que Jesus proferiu as célebres palavras transcritas acima, nas quais Ele encoraja Seus discípulos a não temerem os homens maus, mas apenas a Deus. Ao examiná-las, deparamo-nos com uma valiosa fonte de lições sobre a natureza e o destino humanos. Na primeira parte de Mateus 10.28, notamos que o homem é formado por um “corpo” material e uma “alma” imaterial e imortal. Na ocasião da morte, ocorre uma separação entre esses dois elementos. Na segunda parte, nosso Senhor disse que Deus lançará os perdidos, em corpo e alma, no inferno, para que sofram eternamente.
Entretanto, por discordar dessa interpretação que o Cristianismo tem dado a essas palavras de Jesus, o pensador adventista Samuele Bacchiocchi interpreta assim o texto de Mateus 10.28:
A referência ao poder de Deus de destruir a alma [psychê] e o corpo no inferno nega a noção de uma alma imortal, imaterial. Como pode a alma ser imortal se Deus a destrói com o corpo no caso dos pecadores impenitentes? [...] Quando temos em mente o sentido ampliado com que Cristo usa o termo “alma”, sua declaração torna-se clara. Matar o corpo significa tirar a vida presente de sobre a Terra. Entretanto isso não mata a alma, ou seja, a vida eterna recebida por aqueles que aceitaram a provisão da salvação de Cristo. [...] Cristo ampliou o sentido de alma-psychê para incluir o dom da vida eterna recebida por aqueles que estão dispostos a sacrificar sua vida terrena por Ele, mas nunca sugeriu que a alma seja uma entidade imaterial, imortal. Pelo contrário, Jesus ensinava que Deus pode destruir a alma, tanto quanto o corpo (Mt 10.28) dos pecadores impenitentes. [...] O fato de que Jesus claramente fala de Deus destruir tanto o corpo quanto a alma no inferno demonstra que o inferno é o lugar onde pecadores são por fim aniquilados, e não atormentados eternamente.[3] (itálicos acrescentados)
Segundo Bacchiocchi, Jesus teria mencionado “alma”, no contexto de Mateus 10.28, para referir-se à “vida eterna” dos crentes, e não para falar de algum elemento imaterial e imortal comum a todos os homens. Portanto, se os homens não são dotados de tal componente, e se Cristo disse que Deus pode “fazer perecer” (ou “destruir”) a pessoa integral, segue-se que “o inferno é o lugar onde pecadores são por fim aniquilados, e não atormentados eternamente”. Tudo isso comprovaria que Jesus não acreditava nem na imortalidade da alma, nem tampouco em sua implicação, a ideia do tormento eterno dos réprobos.
A fim de contestar essa interpretação, elaboramos os dois tópicos que compõem este estudo. Por meio deles, ficará comprovado que as palavras de Cristo, registradas em Mateus 10.28, só podem ser compreendidas à luz das doutrinas da imortalidade da alma e do castigo interminável dos maus.
(Parte 1) - Jesus acreditava na imortalidade da alma e no castigo eterno dos perdidos? (Mt 10.28)
(Parte 2) - A Alma e o Inferno - Análise de Mateus 10.28
(Parte 3) - Qual o sentido de Alma - psyche - em Mateus 10.28?
(Parte 4) - Qual o significado de Destruir (apolesai) em Mateus 10.28?
(Parte 5) - A Imortalidade da Alma e o Castigo Eterno - Conclusão
(Estudo Adicional)- O que é a Geenna?
Paulo Sérgio de Araújo
www.imortalidadedaalma.com
(Parte 1) - Jesus acreditava na imortalidade da alma e no castigo eterno dos perdidos? (Mt 10.28)
(Parte 2) - A Alma e o Inferno - Análise de Mateus 10.28
(Parte 3) - Qual o sentido de Alma - psyche - em Mateus 10.28?
(Parte 4) - Qual o significado de Destruir (apolesai) em Mateus 10.28?
(Parte 5) - A Imortalidade da Alma e o Castigo Eterno - Conclusão
(Estudo Adicional)- O que é a Geenna?
Paulo Sérgio de Araújo
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[3] BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição: Uma abordagem bíblica sobre a natureza e o destino eterno. Unaspress, 1ª edição, 2007, pgs. 77, 78, 107, 197.
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