PROBLEMA: Quando Deus deu a Terra Prometida a Abraão (Gn 12-15), a Isaque (Gn 26) e a Jacó (Gn 46), não havia condições. Foi uma aliança incondicional ("eu os abençoarei"), sem condições (do tipo "se vocês fizerem isso e isso"), pelo que Deus jurou com toda a sua natureza imutável (cf. Hb 6:13-18). Entretanto, posteriormente, tanto Moisés (Dt 31:16-17) como Josué (23:16) falam que Deus tiraria Israel da terra se eles pecassem contra ele.
SOLUÇÃO: Há duas maneiras pelas quais os eruditos procuram responder a esta questão levantada pelos críticos: uma espiritual e outra literal.
Cumprimento Espiritual na Igreja. Alguns declaram que a promessa de Deus não se cumpre literalmente em Israel, mas sim na Israel espiritual, ou seja, na igreja. Apelam aos versículos que chamam os crentes de "Israel de Deus" (Gl 6:16) e "descendentes de Abraão" (Gl 3:29). Apontam para Romanos 11, que diz que Israel, como uma oliveira, teve seus ramos "quebrados" por causa de sua rejeição ao Messias (v. 17). Assim, embora o Israel literal tenha pecado, Deus não obstante manterá sua aliança com Abraão através dos crentes do NT, que incondicionalmente foram eleitos em Cristo (Ef 1:4).
Futuro Cumprimento Literal em Israel. Outros eruditos bíblicos consideram que as promessas feitas aos descendentes de Abraão quanto à possessão eterna daquela terra são de cumprimento literal, apontando para um futuro cumprimento, que se dará quando Cristo retornar à terra para reinar (cf. Mt 19:28; Ap 19-20). Em apoio a esta posição, observam-se os seguintes pontos:
Primeiro, as promessas de possessão da terra "para sempre" (veja (Gn 13:15) até hoje não se cumpriram.
Segundo, diferentemente da aliança feita com Moisés (Êx 19:1-8), esta foi uma aliança incondicional, baseada no caráter imutável de Deus (cf. Gl 3;18; Hb 6:17-18). Assim, Deus tem de cumpri-la literalmente, com o povo com o qual ela foi estabelecida, ou então Deus estaria quebrando sua promessa incondicional - e neste caso ele não seria Deus.
Terceiro, não é na igreja do NT que se cumpre a promessa de uma terra permanente feita a Israel (literalmente), nela se cumprem apenas as promessas de receber as bênçãos da salvação por meio da semente de Abraão, que é Jesus (cf. Gl 3:16, 29).
Quarto, o NT não poderia ser o cumprimento dessas promessas incondicionais feitas aos descendentes de Abraão, porque ele fala delas como sendo ainda para o futuro. Paulo não falou somente com respeito aos ramos da nação de Israel sendo quebrados, mas falou também de que eles serão "enxertados... de novo" e assim todo o Israel "será salvo" ( Rm 11:23, 26), Com efeito, o livro do Apocalipse fala de "cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos... de Israel" (Ap 7:4). Os que advogam esta posição observam também que a palavra "tribo" nunca é empregada com um sentido espiritual nas Escrituras.
Finalmente, as Escrituras fazem uma clara distinção entre as alianças incondicionais (por exemplo, a que foi feita com Abraão), e as que são condicionais (por exemplo, a lei de Moisés). Paulo disse aos gálatas com clareza:
"Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão" (Gl 3:18).
Em vista dessa interpretação literal, toda palavra de não-cumprimento de uma aliança refere-se à aliança condicional feita com Moisés (Êx 19), ou então é uma mera exortação, relacionada com a temporária demora do cumprimento da aliança feita com Abraão (Js 23:16).
MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia -
Norman Geisler - Thomas Howe.
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