SOLUÇÃO: Esta passagem não justifica quebrar as leis do governo humano, instituído por Deus (cf. Rm 13:1; 1 Pe 2:13), mesmo que creiamos serem leis injustas. Aos crentes somente é permitido desobedecer a lei no caso de ela os compelir à prática do pecado, e não no caso de ela permitir que outra pessoa venha a pecar (veja os comentários de Êx 1:15-21). Se assim não fosse, teríamos de fechar as portas das igrejas não-cristãs e dos templos não-cristãos, em que há pecado por estarem adorando falsos deuses. Certamente devemos desobedecer uma lei que nos queira compelir a adorar ídolos (Dn 3), mas não temos de desobedecer uma que permita que outros façam isso.
Além disso, este texto (Provérbios 24) não dá base para tentativas ilegais de "resgates" por diversas razões. Primeiro, o capítulo não dá respaldo à desobediência civil; ele ordena a obediência civil: "teme ao Senhor, ... e ao rei" (v. 21), onde o temor implica obediência às suas ordens (cf. Rm 13:1,3 e Tt 3:1).
Segundo, os que estão sendo levados à morte (24:11) são vítimas dos que estão quebrando a lei; não são eles próprios que estão fazendo isso.
Em outras palavras, quem tentasse impedir um aborto nessas circunstâncias estaria agindo contrariamente à lei, visto que o aborto legal seria feito de acordo com a lei.
Não há indicação nesta passagem (e em nenhuma outra) de que os crentes tenham o direito de tomarem, de modo ilegal, os direitos legais dos outros, apenas por crerem pessoalmente que certas leis sejam injustas. Nessa mesma linha incorreta de raciocínio de tais "resgatadores", chegaríamos ao ponto de impedir o caminho de qualquer um - de um juiz, do júri ou da polícia - agindo por nossa conta, se acreditássemos que a condenação seria injusta.
Além disso, se fosse certo "resgatar" vidas pelo fechamento das portas daquelas clínicas, então por que não nos livrarmos delas jogando bombas sobre elas, destruindo seus suprimentos de energia, ou até mesmo assassinando as enfermeiras e os médicos envolvidos? Não consideremos nem mesmo a possibilidade de tal coisa!
A verdade é que dois erros não produzem um acerto, e os fins não justificam os meios, mesmo sendo um processo ativo ou passivo de desobedecer um governo humano, instituído por Deus, que tenha estabelecido leis não-compulsórias, que permitem a outros pecar.
* No Brasil, o aborto é ilegal. Há países, contudo, em que essa prátíca já foi legalizada, havendo, inclusive, clínicas especializadas e que funcionam de conformidade com a lei vigente. (N. do E.)
MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia -
Norman Geisler - Thomas Howe.
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