SOLUÇÃO: Para entender esses salmos imprecatórios, que contêm maldições, alguns importantes fatores precisam ser considerados.
Primeiro, o juízo que é pedido baseia-se na justiça divina e não no ódio humano. Davi disse com clareza a respeito de seus inimigos neste salmo: "Pagaram me o bem com o mal; o amor, com ódio" (v. 5). Ao mesmo tempo em que Davi de fato orava pelo castigo (maldição) sobre seus inimigos, não obstante ele os amava e os entregou à justiça de Deus pela devida recompensa que os atos maus por eles praticados lhes acarretaram.
Quando Davi poupou a vida de Saul, deu uma prova prática de que a vingança não era a motivação que estava por trás deste salmo. Apesar do fato de Saul ter perseguido Davi para tirar-lhe a vida, este perdoou a Saul e até mesmo poupou a sua vida (cf. 1 Sm 24; 26).
Segundo, o juízo nestes salmos é expresso nos termos da cultura daqueles dias. Como a condição de órfão ou de viuvez era considerada uma tragédia, a maldição é expressa segundo essas categorias de fácil entendimento na época.
Terceiro, como a cultura hebraica não fazia uma clara distinção entre o pecador e o seu pecado, o juízo é expresso em termos pessoais muito mais do que de forma abstrata. Além disso, como a família hebraica era algo solidário, a família toda era salva (cf. Noé, Gn 7-8) ou era objeto de um juízo para todos os seus membros (cf. Acã, Js 7:24).
Quarto, o fenômeno da imprecação não ocorre apenas no AT. Jesus recomendou que seus discípulos amaldiçoassem as cidades que não recebessem o Evangelho (Mt 10:14). O próprio Jesus lançou juízo sobre Betsaida e sobre Cafarnaum, segundo Mateus 11:21-24. Paulo declarou anátema todo aquele que não amasse o Senhor (1 Co 16:22). E até mesmo os santos no céu clamaram a Deus por vingança sobre aqueles que martirizaram crentes (Ap 6:9-10).
Quinto, as imprecações não são um fenômeno primitivo ou apenas do AT. A aplicação da justiça sobre o mal pertence a Deus, assim como a bênção sobre o que é reto. Essas duas coisas são verdadeiramente de Deus, tanto no AT como no NT. De fato, Deus é mencionado como tendo a característica do amor com maior freqüência no AT do que no NT.
Sexto, pelo fato de que no AT a ênfase recaía sobre recompensas terrenas ligadas à família, à prosperidade e à terra, também as maldições eram expressas nesses termos. Como a revelação do NT expressa-se mais em termos de destino eterno, havia menos necessidade de formular as imprecações nesses termos terrenos.
Mesmo nessas imprecações do AT pode-se perceber uma antevisão de Cristo. Deus confiou todo juízo ao Filho (Jo 5:22). Dessa forma, os que esperam por justiça não o fazem apenas por seu justo reino, mas esperam pacientemente pelo Senhor, que rapidamente virá para exercê-lo com justiça (Ap 22:12).
MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia -
Norman Geisler - Thomas Howe.
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"Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo." [Efésios 4:29-32 (NVI)]
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