SOLUÇÃO: Em parte alguma a Bíblia ensina a doutrina do purgatório. Essa doutrina é contrária a muitos fatos das Escrituras. Primeiro, o inferno é um lugar permanente de "fogo eterno" (Mt 25:41). Ele impõe uma "penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor" (2 Ts 1:9; veja os comentários deste versículo). Jesus declarou ser o inferno um lugar em que nunca "o fogo se apaga" e onde o corpo nào "morre" (Mc 9:45-48).
Segundo, uma vez no inferno, ninguém pode sair dele. Jesus disse que "está posto um grande abismo,... de sorte que os que quiserem passar" de um lado para o outro não têm como fazê-lo (Lc 16:26). Isso é verdadeiro mesmo que eles lastimem estar lá (Lc 16:23, 28).
Terceiro, a doutrina do purgatório é uma afronta à completa e suficiente obra de Cristo na cruz, com a sua morte. Quando Jesus morreu por nossos pecados (1 Co 15:3), Ele proclamou: "Está consumado!" (Jo 19:30). Olhando para o que iria acontecer na cruz, Jesus orou ao Pai, dizendo: "eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer" (Jo 17:4). O livro de Hebreus nos informa de que "tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, [Jesus] assentou-se à destra de Deus" (Hb 10:12). "Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados" (Hb 10:14).
Quarto, o único purgatório por que alguém passou foi o purgatório de Cristo na cruz, quando ele purgou os nossos pecados. O autor de Hebreus declara que "depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas" (Hb 1:3).
Quinto, a doutrina do purgatório baseia-se no livro apócrifo de 2 Macabeus (12:46), o qual diz que rezar pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus pecados, é um modo de pensar santo e piedoso. Mas esse livro, do segundo século antes de Cristo, não diz ser inspirado, como também não afirma isso nenhum dos demais livros apócrifos. O livro de 1 Macabeus até mesmo nega a sua inspiração (1 Mac 9:27).
Os livros apócrifos jamais foram aceitos pelo judaísmo como sendo inspirados. Nem Jesus nem os autores do NT jamais os citaram como in inspirados. Até mesmo Jerônimo, o católico romano tradutor da importante Bíblia em latim chamada Vulgata, rejeitou 2 Macabeus juntamente com os demais livros apócrifos. Além disso, 2 Macabeus não foi oficialmente acrescentado à Bíblia pela Igreja Católica Romana senão em l546 a.D., cerca de 29 anos depois que Lutero deu início à Reforma, durante a qual ele falou contra o purgatório e contra as orações em favor dos mortos.
Finalmente, mesmo quando 2 Macabeus foi acrescentado por Roma na Bíblia (junto com os demais livros apócrifos), ela rejeitou outro livro apócrifo, que fala contra orações pelos mortos. O livro de 2 Esdras (chamado de 4 Esdras pelos católicos), falando do dia da morte, declara: "ninguém jamais orará por outro naquele dia" (2 Esdras 7:105). Rejeitando este livro e aceitando Macabeus, a Igreja Católica manifestou arbitrariedade na decisão da escolha de livros que suportassem as doutrinas que ela tinha acrescentado à Bíblia.
Concluindo, em 1 Coríntios, Paulo não está falando de purgatório, mas do "tribunal de Cristo", perante o qual todos os crentes comparecerão para receber sua recompensa "segundo o bem ou o mal que tiver fé to por meio do corpo" (2 Co 5:10). Toda nossa "obra" vai ser "revelada pelo fogo" e "se permanecer a obra de alguém,... esse receberá galardão (1 Co 3:13-14).
Sendo que a salvação do inferno é pela graça, não por obras (Rm 4:5; Ef 2:8-9; Tt 3:5-7), está claro que essa passagem está falando da "obra" e do "galardão" do crente, por servir a Cristo, e não de um possível purgatório onde o cristão (em vez de Cristo) tivesse de sofrer pelos pecados que praticou.
MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia -
Norman Geisler - Thomas Howe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
REGRAS AO COMENTAR:
"Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo." [Efésios 4:29-32 (NVI)]
1 - Todos os usuários deverão se identificar de alguma forma (nome, apelido ou pseudônimo).
2 - Comentários somente com letras maiúsculas serão recusados.
3 - Comentários ofensivos serão deletados.